Parábola dos ratos.

 Havia um grupo de ratos que moravam dentro de um piano, e esses ratos sempre escutavam o concerto do pianista do lado de fora e se deliciavam e louvavam o pianista por toda música bela que ele tocava. Até que um dia, alguns ratos saíram de dentro da parte mais baixa do piano e subiram até a parte mais alta onde se encontravam as cordas, e observaram que cada vez que um martelinho de madeira com veludo batia nas cordas saia um som do piano, quando batia em uma corda mais fina saia um som mais agudo e quando batia em uma corda mais grossa saia um som mais grave, quando duas cordas eram batidas saia uma dissonância. Eles voltaram felizes descobrindo o segredo da música. Não existe pianista nenhum. “Nós agora temos a teoria das cordas” – comentavam um com o outro. O que produz o som que ouvimos são martelinhos batendo em cordas, não há nenhum pianista. Ai começou o debate entre os ratos, se havia ou não pianista lá fora, e novas teorias mais rebuscadas foram colocadas para explicar aquele som sem a necessidade de um músico, mas, alguns ratos continuaram acreditando enquanto muitos duvidaram. Mas a despeito disso, do lado de fora, o pianista continuava expondo seu concerto mesmo apesar da negação da sua existência.
  Mesmo que você continue negando, continua existindo vida no ar, e o concertista do universo está ai, dedilhando a sua bela sinfonia e dizendo:
- Quer você queira ou não, eu existo e amo você.

Rodrigo Silva.
Doutor em Arqueologia e em Teologia.